20 dezembro 2009

Cegueira

É incrível como (as vezes) o mundo é cego.

É incrível como (as vezes) as pessoas ao meu redor são cegas.

É incrível como (as vezes) eu sou cego.

Mas de que tipo de cegueira estamos falando aqui? Da cegueira de certas autoridades em resolver uma questão tão delicada como é o aquecimento global? Da cegueira das pessoas em continuarem não compreendendo o que é realmente o conceito de felicidade ou de bom senso? Da minha própria cegueira, de tentar mostrar pra alguma pessoa o que pode ser certo, ou o que pode ser errado, bem como a cegueira do que pode estar por vir mais a frente? (Ou do que pode estar acontecendo nesse exato instante? Ou que pode ter acontecido e não me dei conta?)

De uma certa forma, de todas elas. Em um contexto geral, tudo está interligado. Poucas sabem enxergar a um palmo de sua mão qual é a melhor solução pra fazer determinadas transformações, oq pode ser certo, ou enxergar a si mesmo quais são os próprios defeitos, erros, ou até mesmo qualidades, objetivos, enfim...


Já me senti assim, e me sinto assim agora. Já entrei em crise por não saber direito pra onde eu estava indo, ou o que poderia acontecer a seguir. Já me peguei dominado pela insegurança ou pelo medo de acabar algo que de repente... estava normal, ou até estava até melhor do que imaginei. Mas me pego apavorado quando a questão é o que vem a seguir, o que pode acontecer comigo, o que pode aparecer a minha volta, pra onde eu devo ir e tal. Certas situações também podem te deixar cego ao ponto de não saber o que fazer, mesmo sabendo que a solução pode estar ali, bem debaixo do seu nariz. Ou guardado na própria cabeça, dentro de uma "caixinha de pandora" interna.

É pertubador não ter uma idéia do que possa estar vindo a sua direção. Se é uma coisa boa, se é uma coisa sombria, "a boa fortuna o espera" ou "uma mina terrestre o espera". Queria ter uma bola de cristal pra advinhar, ou simplesmente pra poder mudar o percurso que possa estar me fazendo navegar diretamente a um iceberg.

Tá, eu sei... "não há plano". E por isso a incerteza do futuro também é excitante. Mas eu não tenho o controle do futuro, e não sei ver o que pode estar vindo, por isso me sinto cego. Mas garanto que eu não sou o único a sentir esse tipo de dúvida e preocupação.

Mas também devo comentar sobre a cegueira de outras pessoas. De muitos que querem ter uma vida vazia e não verem que pra ter coisas legais, o ideal é buscar o máximo daquilo tudo. Aliás, muitas pessoas não tem muita noção do que significa essa palavra. Alguns entendem que "curtir a vida" é simplesmente ir ao boteco, beber, beijar na boca e etc. Não, não estou dizendo que isso é ruim, mas SÓ isso. Muitos não entendem o conceito real do que é curtir realmente a vida, mas muitos traduzem isso de maneiras diferentes. Mas se você olha direitinho, a maioria fala essas três frases pra sintetizar as mesmas coisas. O que pra mim, é sinônimo de cegueira.

Mas também vejo cegueira alheia em resolver situações. Muitos não usam a cabeça pra enxergar a melhor solução possivel pra resolver determinado problema, ou não consegue mudar acerca de um determinado erro. Por mais que queira mudar e acertar, você continua errando como errou em outras oportunidades, não muda vícios, não muda manias que podem ser ruins. Pra mudar tem que ter muita força de vontade pra poder reverter determinada situação. Mas muitos são cegos, ou não procuram um óculos ou um colírio pra enxergar o que pode ser bom, como no caso lá da cúpula de copenhagen acerca do clima.

Existem diversos tipos de cegueira por aí. E praticamente muitos sofrem de "treva branca" (quem já viu Ensaio sobre a Cegueira, sabe do que eu tô falando). Muitos não enxergam boas situações, ou as próprias situações, ou a si mesmo. E pior, muitos não sabem enxergar oq é melhor, e oq não é. Por mais que exista a intensidade e a impulsão, também existe o controle, ou simplesmente a ambição. Mas infelizmente no meio, também existe a cegueira. E ela afeta muita gente, mesmo que ela não seja uma doença letal e caótica, mas que nos pode fazer pessoas vazias, perdidas, inseguras, preocupadas ou até mesmo agressivas de certa forma.

Mas ainda há espaço para abrir os olhos. Sem dar (tanto) espaço pro orgulho e pra outros fatores que ajudam a nos manter de olhos fechados. Se é que as pessoas querem mantê-los abertos, é claro.

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