11 setembro 2010

The Watcher

Eu sou um Observador.

Gosto de observar cotidianos. De ver as pessoas felizes, de ver as pessoas montando a sua própria carreira, de fazerem seus momentos, de alcançarem realizações, de constituir familia. Gosto de ver como as pessoas pensam em relação a tal coisa. Em como elas reagem a tal coisa. Já observei encontros, separações, viagens, brigas, mandos e desmandos, vi erros bobos sendo cometidos por outras pessoas, assim como erros graves também. Vi lagrimas caindo, seja por raiva, por tristeza ou por felicidade, vi risadas sinceras e sarcásticas, vi sorrisos sinceros, assim como vi sorrisos amarelos, daqueles que você dá pra disfarçar uma insatisfação.

Já vi muita coisa nessa vida. E quero continuar vendo. Eu sou uma pessoa discreta e curiosa, querendo ver como as pessoas são felizes e como posso tratar isso de uma forma artística. Ainda verei muitos casamentos, filhos nascendo e gente babando por eles, verei casais felizes correndo que nem malucos na beira de uma praia querendo pegar um ao outro, assim como jantares a luz de velas, além de ver coisas diferentes que não vejo em todo lugar, como cumplicidade, amor, entrega, amizade, simplicidade e até mesmo cooperação. Porque casais diferentes cooperam um com o outro, ou simplesmente cada um dá o seu jeito para que tudo fique belo. Mas também observarei o lado contrário, como instabilidades, algumas decepções, ciúmes... E claro, verei casais repetindo o mesmo script que vejo em todo lugar. O mesmo motivo, a mesma construção, o mesmo desmanche. Tudo isso na mesma quantidade de meses. Tudo isso eu já vi, e continuarei vendo.

Já vi amizades ficarem fortes e também ruirem. Já vi amizades promissoras ruirem. E já vi coisas incomuns prosperarem. Faz parte, nunca se sabe quando uma idéia irá ligar duas pessoas completamente distintas e irá fazer com que elas curtam a companhia de um e do outro. Já vi grandes amigos brigarem feio, e também fazerem as pazes.

Já vi belas paisagens. Já vi belos momentos acontecerem com outras pessoas. Momentos que, artisticamente falando, são grandes pinturas para se admirar por anos olhando pra ela na sua sala de estar. Acho que já registrei bastante coisa. Gostaria de continuar registrando tudo isso. Conhecendo mais esses cotidianos e vendo como as pessoas são felizes. Como elas buscaram e conseguiram esse conceito de felicidade.

Mas você deve estar se perguntando: "Tá, você viu bastante coisa. Mas já sentiu? Fez tudo isso e gostaria de ser observado ao invés de observar?"

Não sei. O Pouco que senti foi profundo. Mas não sei se ainda sentirei violentamente essa sensação de estar realizando as coisas que eu mesmo vejo os outros fazendo (aqueles que admiro, não todos). Não sei se sentirei de novo.

Talvez eu seja só um observador. E o meu objetivo seja apenas olhar e apreciar. Ou talvez eu esteja aprendendo com cada caso que eu tropeço por aí. Com os erros, não errar da mesma forma, mesmo sendo criaturas imperfeitas. E com os acertos, se inspirar, trabalhar e melhorar.

Mas pra qual objetivo? Para lutar pelo quê?

Por quem?

Sempre será assim? Ou o "acontece" realmente existe?

Eu sinto saudade de coisas que nunca senti. Vejo coisas que acontecem com os outros, e sinto falta de ver aquilo acontecer comigo. Ou, de ver a sensação, e de ter saudade dela, mesmo sem que ela tenha existido de fato.

De abstrato, tenho as memórias. Mas de concreto, só tenho as minhas observações.

E por enquanto, a minha vida vai me limitando a isso. Ao menos, em relação a tudo que eu observo.

Por hora...

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